Lobos Maus Domingueiros
Acho graça.
Nos domingos chuvosos grupos de lobos a hélio voam sobre as nossas cabeças, à espera.. “Olha para mim. Vê-me. Sente-me.” Pedem para entrar e deixamos. Deixamos porque algo neles é tão familiar que reconhecemos o sabor de amigos perdidos, o perfume de lugares embalsamados na nossa memória ou o contorno de sentimentos cobertos de pó. Entram, sentam-se no sofá de armas e bagagens com olhar de desafio.
Vou pôr a música mais alta e abanar a anca.
Não, ler, vou ler.
Precisava mesmo era de ir ao cinema ver um filme idiota.. Vou mudar para a TVI e ser kamikaze..
Ele continua sentado. Raios.
Batem à porta. É ele. Adoro como sobe as escadas com os pés para fora. Sentamo-nos os dois no sofá, cada um com a sua montanha negra ao lado. Enrolamos as mãos, trocamos os pés e descansamos um no outro. Decidimos deixar os lobos em casa e ir jantar fora, afinal Domingo à noite é dia de Pizza.