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PARA AJUDAR A DIGERIR A VIDA.

quinta-feira, agosto 31, 2006

Diz_sincronia

Gosto das nossas conversas intercaladas.
Das nossas histórias cruzadas.
Das palavras que completamos numa dança sinuosa chamada conversa.
Como há espaço para respirar, para dividir protagonismos, para confundir quem disse o quê... se a história é tua, se a dor é minha, ou se o problema é nosso.
Falar contigo é como pensar alto, é ter o diabinho e o anjinho a beberem uns copos, a petiscar sashimi em amena cavaqueira sem se preocuparem muito com quem tem razão... ou a subornarem-se mutuamente.

terça-feira, agosto 22, 2006

Exemplo Familiar

Sempre desconfiei que não me levavam muito a sério.
Tenho o dom de ser apanhada no momento em que a minha idade mental pouco ultrapassa os 6 anos. Em público restrito, (mas obviamente a internet alargou o conceito de restrito) fui ultimamente apanhada presa na bóia da Ariel. Coloquei um bracinho, alegremente pelas costas e em cheio na bóia. Ena que giro. Tralala, ganda maluca. Olha, já agora vou por o outro. Que regabofe. E saltita e ri. Isto é giro... E estou a ficar com os braços dormentes...Vou descansar só um bocadinho. Ups estou presa. Vou fazer um ar natural. Tá tudo bem. Eu estou bem e confortável. Difícil com uma bóia presa atrás das costas mas em último caso, sorrir sempre. "Estás bem?" A pergunta deixou-me a leve sensação que o meu ar não era muito natural. A maravilhosa coreografia aquática, acabou com um pé no rabo e um puxão forte. Desde já agradeço à valente que me restituiu o controle dos meus membros superiores.
Pena que não acompanhem todas as outras centenas de minutos em que sou uma mulher madura, séria, comportada, séria... já disse séria?
Desconfio que esta opinião colorida à cerca da minha pessoa pode eventualmente ser extensível à minha família. Terá sido formada nalguma festa de Natal em que eu já não estava tão bem (coincidiu com a minha descoberta do Vinho do Porto) e teci alguns comentários relativos a um bolo alusivo a um animal NOJENTO, viscoso e nada natalício: a lampreia. Devo ter atingido um ponto sensível entre a infância da minha tia-avó que talvez tivesse uma lampreia de estimação de seu nome Laica, ou do meu irmão que na sua adolescência talvez projectasse nos lábios carnudos de cereja cristalizada da dita, a boca da sua amada. Desde aí, o meu nome é acompanhado de "Ai, essa miúda é danada."
Não chego a ser levada da breca, passei a fase da danadinha e instalei-me na levada para a brincadeira.

segunda-feira, agosto 07, 2006

Vegetariana mas pouco.

A amiga é zen. Mais zen impossível. Tudo é lindo, tudo é energia e luz e borboletas, muitas borboletas. Demasiadas. Vegetariana convicta, a ideia de comer uma bifana provoca-lhe náuseas. (obviamente estou sempre a oferecer-lhe uma). Escusado será dizer que depois de estar com ela fico cheia de vontade de comer um bife tártaro, meia garrafa de tinto, fumar um maço de cigarros e de preferência participar numa orgia.
Recentemente, perante um magnifico prato de brocúlos, confessou a sua atracção por homens de tronco em V e cabelos compridos, daqueles que batem com a moca e nos arrastam para a gruta. Enquanto os descrevia, os olhos brilhavam de gosto predatório no momento exacto em que se trinca a jugular. Estava de facto na presença de um carnívoro de topo e nunca me tinha apercebido.

quinta-feira, agosto 03, 2006

Regresso à Grande Fábrica

O ar custa a respirar. As luzes artificiais fazem doer os olhos. O que é o FreeHand??
É tão fácil esquecer a Fábrica e tão difícil voltar a entrar na sua engrenagem. Assumir o número, representar o personagem, voltar à trama mecânica e ao processo de produção.
O centro da cidade, apesar de ser Agosto prolifera em autómatos telecomandados que tentam ignorar que há vida fora da redoma e lançam olhares fulminantes àqueles que pela cor menos esverdeada e as olheiras menos profundas, obviamente já tiveram fora da caixa.
Estão desejosos de assumir outra tarefa: PROJECTO 356# Férias. Processo de manufacturação de momentos lúdicos e relaxantes tendo em vista a obtenção de algum equilíbrio emocional através de momentos desequilibrantes em família, actividade acompanhada ou não pela alteração do Pantone da tez.