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PARA AJUDAR A DIGERIR A VIDA.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Teoria da conspiração

Recentemente cheguei à conclusão com um colega meu de carteira que as pessoas do serviço com filhos pequenos têm a vida facilitada.
Embarcámos, então, numa árdua tarefa de tentar convencer a agência que de um dia para o outro, eu tive um casal de gémeos, agora com 3 anos, e que ele casou com uma sueca, banco de imagem, de quem tem dois filhos (com 6 e 8 anos respectivamente).
Começámos pelo básico: fotografias pouco credíveis dos "filhos" colados no monitor.
Pensámos em fazer “esculturas” em barro, com os pés ou com uma valente narsa, para simular aquelas prendas maravilhosas que trazíamos para os nossos pais do jardim escola. Confesso que não percebo como o meu pai, o Sr Engenheiro, se atrevia a colocar algo semelhante a excremento de elefante pisado por uma manada, a que eu chamava carinhosamente de “uma tartaruga”, em cima da secretária e manter uma postura séria.
Agora tenho uma fotografia minha vestida de minhota com 3 anos. Descobri que as pessoas precisam de ver alguma semelhança nos nossos filhos para acharem que eles são nossos. “Tãaooo gira tem os teus olhos” “Achas? Sempre achei que ela era a cara do pai.”

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Olhar para o Umbigo

Decidi dedicar-me mais ao meu umbigo. Pareceu-me lógico ir para a dança do ventre.
Tenho um professor egípcio, o La Féria do Cairo que acha que a nossa sobrevivência monetária pode eventualmente passar por dançar na estação do Martim Moniz.
Pouco fala português, “barriga” “maiissss depressa” “não pára” “hombrós” e a minha preferida, quando umas dançam para a direita e outras para a esquerda, todas trocadas mas com convicção “cábeçá tien de pinsar, cábeçá manda nu corpo”. Tenho sempre imensa vontade de lhe explicar que a cabeça NÃO manda no corpo, o corpo leva a cabeça para onde quer, mas tenho alguma dificuldade em manter uma conversa séria quando estou cheia de medalhinhas penduradas e ondulo como se não houvesse amanhã.
Estou a ficar fascinada pela dança, do meu quarto só faltam sair chamuças e a minha mãe espera temerosamente pelo dia em que eu apareça com um namorado indiano. Vou explicar-lhe com muita calma que eles inventaram o Kamasutra.

terça-feira, janeiro 23, 2007

Ossos do oficio

Sou soviética com a minha alimentação. Alterno entre o integral e o ainda mais integral. Torço o nariz às gorduras, e a tudo que possa entupir as minhas artérias a longo prazo.
Ontem tive o dia do Inferno, a noite do demo, avizinhando a manhã do caos.
Para compensar o desânimo interior acabei por devorar um bife na Portugália afogado em molho e com uma batalha naval de batatas fritas.
Sinto-me bem. Faltou-me a jola, mas a semana ainda vai a meio.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

As escolhas certas pelos caminhos errados

Sexta-feira. 20h00. Saio do parque das Amoreiras para estar no Chiado às 20h30. Tenho imeeenso tempo. UPSSSSSS! Como assim?? Não posso ir para a esquerda, está um autocarro entalado entre dois carros.
Direita, vou para a direita. Como assim?? Não posso ir para a direita, está um ELÉCTRICO preso. ARRRRGHHHHH.
Ok. Campolide. Não conheço, mas deve ter indicações. (lembrar de comprar um GPS) Sim. Vou por aqui, isto parece-me familiar e se virar aqui à esquerda, dou a volta e vou para o Rato.. ou não.... é um sentido proibido e não posso. Bem. Ali diz Alcântara parece-me bem, vou seguir a estrada dos tijolos amarelos e logo se vê. Hummm. A estrada é de facto mágica e vai dar a um bairro social com grande animação de rua. Que bom, não tenho telemóvel, o carro na reserva e não faço ideia onde esta rua sinuosa, escura e em fila parada, vai dar. 20h45.
Alcântara. Consegui. Daqui já sei. Direitinha para Santos, Calçada do Combro.... Onde está a Calçada do Combro?? Rua só de BUS. Inversão de marcha quase com travão de mão. Parece uma linha de eléctrico, será? Calçada do Combro. Touch Down.
21h25 chego transfigurada ao restaurante. “Então saíste tarde do emprego?” “Foi, estive a acabar um trabalho sobre reabilitação social mas depois demorei 5 minutos a chegar cá.”

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Médico ao Domicilio

Versão 1: Gosto de médicos sarcásticos de humor corrosivo, que coxeiam e não acreditam na Humanidade.

Versão 2 (com manicure francesa): No fundo ele é apenas uma ovelha tresmalhada procurando o caminho para casa, devagarinho..

terça-feira, janeiro 02, 2007

French Manicure

A pedido de várias famílias que insistiram num post fútil e desprendido, cá vai.
A manicure francesa. Tratar das nossas unhas é um momento único de introspecção e amadurecimento. De paciência, ponderação e mão firme.
Enquanto mergulhamos a unha em água tépida, recordamos o conforto do útero materno e o aconchego do lar. Depois, limando freneticamente, recordamos a infância, as brincadeiras despreocupadas, o jogo da macaca, o saltitar do elástico, o jogo do prego na areia ou o som do berlinde vencedor.*
Pincelar com base. A protecção mantém a unha saudável e resistente às intempéries, deve ser aplicada de uma só vez com mão firme. Não dá para recordar nada porque é de aplicação rápida.
Momento de tensão. Pegue no pincel do verniz branco e sem tremer desenhe um fino arco na extremidade da unha. Ao contrário de algumas relações para esquecer da sua vida, um cotonete com acetona resolve qualquer erro.
Finalmente, o próprio do verniz. Rosa claro ou Branco baço, deve ser aplicado em duas finas camadas, com intervalo de 5 minutos. As pinceladas devem ser dadas ao longo da unha, vagarosamente para espalhar bem o verniz.
Neste momento, se procedeu a todas as fases anteriores e em recinto fechado, o cheiro a verniz deve fazê-la sentir leve, diria ate inebriada e profundamente feliz.
Parabéns, é a feliz portadora de uma manicure francesa.




* este post sendo desprendido tem referências simbólicas para elementos do sexo masculino que cuidam da sua queratina.