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PARA AJUDAR A DIGERIR A VIDA.

quarta-feira, junho 28, 2006

Mudar a pilha

Basicamente, a pilha solar é um diodo emissor de luz que funciona no sentido inverso: converte luz em corrente eléctrica, o que constitui a base da energia solar.
Por isso, em nome da ciência, vou babar-me para a praia, torrar de um lado e do outro, torrar mais um bocadinho... até ficar eléctrica.

segunda-feira, junho 19, 2006

Sofrer no Balneário

Decidi que se queria manter a minha sanidade mental até ao final do Mundial teria de ver apenas partes dos jogos de Portugal. Beber muita água e respirar como se fosse fazer mergulho em apneia. O Dr. Jekyl começa a ver o jogo. Passado 10 minutos de profundo auto-controle salta-me a tampa e o Mr. Hyde. Hmmm se assim é, deve ser curioso ir fazer musculação enquanto dá o jogo. Perco calorias, esfrio os nervos e sempre utilizo a força bruta. Fui. Enquanto saíam freneticamente do ginásio para chegar a tempo a casa, entrava eu com a minha toalhita ao ombro na maior das calmas. Comecei a pedalar, começou o jogo. Vou ignorar e pedalar. Pedala, miúda. Ai...o meu pescoço que lhe falta mobilidade exorcista para conseguir ver a televisão atrás de mim. Gostamos tanto de bicicletas presas ao chão.
Mantive a pose e o ar blasé. Toalhita ao ombro e segue para a próxima máquina de tortura. Abdominais. Assim não vejo de certeza. Ignoro. Consigo, eu sou forte. Não correu bem. Passei metade do tempo com o abdominal contraído e o pescoço esticado. Depois de quase me espetar na passadeira, decidi que devia ver a segunda parte em casa, sempre era mais seguro. 2-0 Para Portugal, 2-0 para o Mr. Hyde.

C.S.I. Oz City

Se o Romeu conhecesse hoje a Julieta, engatava-a num bar, levava-a para casa, dedicava-lhe um rap linguisticamente complexo que alternava “dama” com “iou” e após uma efémera semana, trocava-a por uma loura de leste investigadora química que limpava gaiolas na loja de animais do Olivais Shopping. A poesia foi.
A Dorothy por muito que batesse os sapatinhos vermelhos nunca mais chegaria a casa a não ser que apanhasse a carreira do 17C para o Alto do Chapeleiro. A Lassie nunca voltaria, porque a Lassie era um cão e não uma cadela, logo iria procriar e não voltar para um sítio onde o tratavam com rédea curta. E o Pai Natal, ai pois... se fosse hoje já estava dentro por suspeita de pedofilia.
Não há espaço para a fantasia. Tudo é visto sem magia ou imaginação apenas objectivamente, factos são factos. As histórias da Disney foram substituídas em horário nobre pelo C.S.I. e as histórias de adormecer pelos telejornais da TVI.

quarta-feira, junho 14, 2006

Lá vai a gritar

Os Santos são, mais do que os Natais a altura perfeita para rever amigos e familiares.
Encontramos toda a gente, rapidamente fugimos de toda a gente e, o caos justifica deixar pendurado qualquer elemento menos desejado.
Começa com o calor humano temperado a essência de sardinha que nos envolve enquanto esperamos 1 hora por uma mesa entre estendais de roupa interior onde não falta a peúga branca com raquetes e o cuecão até ao pescoço. Lá comemos a esforço: sardinha, febras, entremeada, várias saladas com pimento assado regadas com sangria onde bóia a fruta da época. Cada vez que o vento mudava, o pátio enchia-se com fumo, uma imagem de tal forma poética que nos levava todos às lágrimas. O “Apita o Comboio” pela quarta vez provocou a mesma reacção emotiva.
Bailarico. Cerveja. Bailarico. Pés esmigalhados. Olha ali porrada! Apita o comboio, lá vai a apitar... a caminho de uma casa de banho não incluída no filme Trainspotting.
Mais bailarico. Mais apertões. Hum?! Onde estão os meus pés? Aiiiiiiiii!
Obrigado, Mãe Natureza pelas minhas costelas flutuantes. Ar? Aiiii! Está a dar cu duro e as pessoas dançam estilo batedeira. O calor, é demasiado humano... Ok, já chega. Eu e as sardinhas que me perseguem vamos fazer um grande óó e por os cotinhos em saltratos. Gostava de ver o santinho casamenteiro aqui de sandaloca ...em vez de noivas, teríamos bolhas de Santo António.

segunda-feira, junho 12, 2006

Não comerás... POUCO

Passou. Passou uma semana no mínimo estranha.
Difícil, estar rodeada de vícios e não os poder abraçar. Irritante, quase saborear pequenos pecados e não os poder cometer. Via encanto em tudo; nos enchidos, nas comidas plastificadas, enlatadas e engorduradas. As sandes de torresmos tinham poesia, as batatas fritas ondulavam no óleo como sereias que me enfeitiçavam com o seu canto, e o bolo de chocolate dilacerava o meu coração dizendo que eu já não gostava dele.
Voltei a pecar na quinta, num jantar especial que ainda se tornou mais especial pelo regresso do tempero às minhas exiladas papilas gustativas. A primeira garfada foi acompanhada de fogo de artificio variado e temperada por um bebericar de tinto do Chile. Esperava pontualmente alguns segundos para ver se o estômago apreciava a comida tanto quanto eu e continuava em êxtase culinário. Lembrei-me da Sábia escritora a propósito das coincidências quando reparei que o restaurante, muito a propósito, chamava-se “Paladar”. Espero que um dia não tenha igual experiência de libertação de jejum no “Afrodite”.
Ninguém reparou no meu momento apoteótico, no máximo desconfiaram que eu não tinha lanchado (e almoçado), mas a minha felicidade ao notar que a comida tinha sal deixou-os ligeiramente confusos. Sorri sempre, disfarça qualquer coisa inclusive os nossos olhos a rebolarem ao melhor estilo Shinnig perante um prato cheio de comida.

terça-feira, junho 06, 2006

E vi a Luz

Depois de um longo caminho dakariano chegámos. 10 da manhã e eu tenho tanto sono. Começo a ver bandos de gente que se abraça efusivamente e de forma prolongada. Estranho. Bem, se calhar são da mesma família e não se vêm há muito tempo. Nunca vi uma família tão grande e com tão poucos traços comuns. AH! São pessoas Zen que se agarram...Ai! Tá uma aqui!
Primeira meditação, ohmmmmm, e tal e, ohmmmmmm. Gostei. Afinal isto vai ser fácil. Primeira bebida desintoxicante. “Desculpe, o que é isto exactamente?” “ Leite de Arroz com SuperFood e algas”. Achei que deveria pensar que era um batido de frutas exóticas e beber tipo shot. Engraçado, o meu copo tem um número, como na tropa. Talvez os batidos maravilhosos sejam mais para a tarde. Ohmmmmmmmm Ohmmmmmm. Bebida nº 4 “Desculpe isto parece cimento, aliás SABE a cimento!” “Não, não é argila, muito bom.” BOM??? Parece que aterrei de boca numa obra e ele diz que é bom??! Zen, eu estou zen e não como há 2 dias e só bebo coisas estranhas mas não faz mal. Vou contar até 10. É melhor 20. Talvez os batidos maravilhosos sejam mais para a noite. Pelo menos o meu rabo está mais pequeno.
Os sumos maravilhosos nunca chegaram. Os OHMMMMMS foram melhorando, e quando dei por mim passaram 4 dias. Estranhamente despedi-me de todos com abracinhos prolongados como se fossem da minha família. Lembrei-me daqueles filmes de guerra e dos elos criados entre prisioneiros, ali a nossa guerra consistia em tentar beber o que aparecia no nosso copo numerado e não pensar em comida, a não ser espiritual. Só mais um bocadinho e como um bife. Quando estava já preparadíssima para ir beber um café na bomba mais próxima, recebo um papel que me deixou amarela “como quebrar o jejum em 5 dias”. Estou no dia 2. Só posso comer fruta. Café e qualquer outro vício prazeiroso alimentar é proibido até ao dia 5. Aiiiiiiiiiiiiiiii! E se eu fizer um hambúrguer em forma de maçã, posso?